Depois de ler alguns livros de ficção científica recentemente, como O Homem do Castelo Alto e o clássico O Fim da Infância, meu interesse no tema se renovou e resolvi ir atrás de outras obras, quando me deparei com Lovestar, do autor islandês Andri Snaer e que ganhou alguns prêmios importantes.
A escolha por este livro foi simples, depois de ler livros escritos há mais de 100 anos e outros dos anos 50 e 60, eu queria algo mais recente, simplesmente por curiosidade. Lovestar foi publicado em 2002.
LoveStar

Já começo o texto sobre o livro dizendo que se você gostou de Black Mirror e distopias, muito provavelmente vai gostar de LoveStar, e digo mais, as primeiras páginas são sensacionais! A forma como o autor descreve algumas tecnologias e avanços da humanidade me fez devorar o primeiro terço do livro.
Imagine um mundo onde a humanidade simplesmente não tem mais a necessidade de utilizar cabos e dispositivos, graças à transmissão de informações utilizando a mesma frequência emitida pelos pássaros. Com isso a comunicação atingiu outro patamar, transformando tudo ao seu redor.
As pessoas são pagas para gritar propagandas para pedestres desavisados e incentivá-los a comprar coisas. (Curioso como em 2002 o autor teve um vislumbre a importância que os influenciadores digitais teriam alguns anos depois).
A humanidade utiliza uma espécie de “aplicativo” que é algo como um assistente virtual chamado REGRET, um programa que apresenta o “e se…” para alguns acontecimentos e tira, portanto, todas as suas dúvidas sobre as escolhas das pessoas.

Por trás de todo esse fundo distópico, em LoveStar você vai acompanhar uma genuína história de amor entre dois jovens. A trama é complexa, demora um tempo pra se desenvolver e em alguns momentos o livro fica um tanto confuso, mas nada que desmereça a obra. A minha sensação é que da metade do livro pra frente o autor se perdeu em alguns momentos, onde vai fundo na sua própria distopia.
De qualquer forma, a história de Lovestar é cativante e te fazer pensar em como a tecnologia pode acabar sendo não apenas nossa aliada, mas também nossa inimiga.
Pequenas críticas ao consumismo, à publicidade, questões ambientais e a própria ganância das pessoas são feitas em doses interessantes, e até com um certo ar de absurdo. Pra mim o ponto forte de LoveStar é que além de entreter, a obra traz reflexões importantes pra nossa visão do mundo globalizado.